Vivemos numa sociedade, onde o "estar bem" é sinônimo de realização pessoal.
Desde que resolvi me dedicar por completo ao Senhor, tenho observado como a igreja tem acompanhado tudo isso; pais e jovens tem se preocupado cada vez mais com seu Estado Social, do que com a vida que agrada a Deus. É um quadro arrasador ( no mau sentido) para nós que trabalhamos com pessoas, e mais triste ainda é ver essa situação dentro das igrejas em geral.
Quando eu estava me preparando para fazer parte do programa AME- Aventureiros em Missões Evangelísticas- faltando dias para deixar minha cidade natal, conversando com um irmão da minha congregação, ele estava tentando me convencer a não participar do programa, e eis o motivo: Sou de família não muito bem sucedida financeiramente, e deixei a universidade no terceiro periodo do curso de Educação Física ( não somente para participar do programa, mas por questões pessoais e de saúde), tinha boa influencia entre o grupo de jovens e trabalhava bem especificamente com o grupo de meninas.
Este irmão, me fez um comentário que me chocou tanto, talvez não pelas palavras que usou, mas o que os meus ouvidos escutaram, ele comparou minha situação na época e disse: " Se o meu filho quiser fazer parte desse programa, eu não irei permitir até que ele no mínimo conclua a universidade e tenha uma estabilidade financeira, porque nos dias de hoje por menor que seja a profissão, estão exigindo um profissionalismo,", eis o que eu escutei " Eu prefiro que meu filho se dedique ao seu crescimento aqui na Terra, do que dedicar dois anos de sua juventude ao Senhor".
Gente, sério, desculpa, pode parecer arrogancia da minha parte, mas no momento foi o que eu escutei, e isso me deixou sem palavras, eu não tive reação para responder, simplesmente consenti com um " hummm 😞". O pai desse garoto comentou mais coisas sobre que o filho teria que garantir sua estabilidade e de sua futura família, mas eu já estava chocada com a primeira frase que o restante não foi absorvido. Eu escolhi não responder, porque até então não sabia medir minhas palavras para responder, e não queria que o irmão se sentisse ofendido; e pra deixar claro, não tenho mágoas nem rancores, muito pelo contrário, quero muito bem tanto a ele com sua família, todos são muito especiais para mim. Estou usando esse exemplo para que possam entender o tema que estamos abordando aqui.
Eu estou terminando meu tempo de missão aqui na Bolívia, e este é meu primeiro de muitos- se Deus me permite- trabalhos que quero continuar realizando, e muitas pessoas perguntam se quero continuar com missões ( já respondi né, hahaha), se quero fazer faculdade, se vou trabalhar, se volto para minha cidade natal, pra ser sincera a pergunta que mais me assusta é se vou fazer faculdade ( vou fazer o possível para não ser necessário é minha resposta), não vou mentir, pode ser que eu conclua meus estudos em teologia, ou siga estudando em casa mesmo sempre que necessário. Eu NÃO QUERO nada que me impeça de sair quando for chamada a realizar uma missão, quero estar alí como step sempre pronta pra rodar o mundo e anunciar as boas novas do Evangelho. Essa é a maneira como encontrei razão na minha vida.
Para deixar claro, não tenho nada contra quem estuda, pelo contrário, nós missionários precisamos de vocês em nosso time nos apoiando e orando pela gente. Conheço muitos irmãos e missionários que estudaram e aproveitam sua formação para ajudar outras pessoas e a própria igreja ( professores, psicólogos, pedagogos, arquitetos, engenheiros, advogados, médicos, e infinitas outras), incluso, conversando com muitos deles, já "caducos" na fé, todos dizem que tivessem quando jovens a oportunidade que temos hoje de fazer parte de algo como o programa AME, eles não pensariam duas vezes, e eu sempre digo que se pudesse levar todos os jovens do mundo e sustentar, eu faria ( meio contraditório pra quem não quer estudar e ter dinheiro, mas é minha realidade não precisa ser a sua). Eu tenho formações técnicas em áreas que posso trabalhar em qualquer lugar, incluso tenho planos de sustentar um jovem cada ano, depois de graduar no AME.
O ponto principal dessa postagem, é realmente EXPOR o quão frágeis e cegas estão as pessoas hoje, e principalmente falando de fé, Ontem eu estava preparando uma aula para as mulheres e lendo II Pedro cap 1, vi que ele, naquela época como Apóstolo já sofria as dores dessa fraqueza nas igrejas, ele relata no fim do capítulo que enquanto tiver vida não vai permitir que eles esqueçam da mensagem verdadeira que lhes foi passado nem quando ele morrer, isso tocou fundo no meu coração, e descobri porque escolhi o Programa AME, é apenas o começo.
Gêissa da Paz Alves, Novembro 2016.
Se quiser saber o que tudo isso significa para mim me escreva um e-mail: geissaame2015@gmail.com